terça-feira, 5 de agosto de 2014

O 13º Convidado/A Convidada

Mesmo em sua curta duração, esse é daqueles filmes difíceis de assistir. Uma espécie de novela radiofônica insossa, sem graça e extremamente datada. Absolutamente nada funciona! O mistério inexiste, as mortes são literalmente hilárias diante a produção precária, não há trilha sonora e o filme transcorre sem uma gota de charme e com excesso de humor. Vale - talvez - pela curiosidade de ver Ginger Rogers em início de carreira. Talvez nem por isso. Bem, talvez seja interessante para aqueles que dizem não existir filmes como antigamente. Sim, existem! O Cinema sempre teve filmes ruins. Se duvida, vá em frente. 1/5
The Thirteenth Guest / Albert Ray / 1932 / 69 min.

A Bela do Bas-Fond

Longe de ser o melhor filme de máfia, mas definitivamente o mais peculiar em sua grandeza, sua audácia em mesclar melodrama e máfia de maneira intrínseca. Nessa, Nicholas Ray entrega mais uma obra-prima: o advogado da máfia apaixonado por uma garota de programa. E o que acontece quando ele resolve não mais advogar? O melhor advogado pode deixar a máfia por uma mulher? Ótimos conflitos dentro de uma dramaturgia concisa, forte, humana - e ainda com direito a lindos números de dança. Provavelmente, o melodrama dos melodramas concebido por Nicholas Ray. Tudo isso carregado num Technicolor esplendoroso. Já disse que se trata de uma obra-prima? 5/5
Party Girl / Nicholas Ray / 1959 / 99 min.

Alma Sem Pudor

Uma mulher do interior maravilhosamente vivida por Joan Fontaine, que logo visa o namorado rico de outra moça. Enxerga nele a possibilidade de uma vida melhor para ela e somente ela. Entre idas e vindas, o melodrama do "cineasta do crepúsculo" não passa de um folhetim com ótima atuação de sua protagonista. No título original, Nascida para Ser Má. Bem, na década de 40, o adultério realmente podia ser visto como maldade. No entanto, hoje, um filme que aborda apenas isso nem Nicholas Ray consegue salvar. 2/5
Born to Be Bad / Nicholas Ray / 1950 / 93 min.

Amarga Esperança

Duas almas perdidas no tempo. Dois seres desnorteados em suas juventudes, transitando por este espaço denominado vida. Assim são o bandido Bowie e sua esposa e cúmplice. "Eu não sei nada sobre beijar", diz ela enquanto fogem. "Muito menos eu", responde ele. "Então vamos descobrir juntos". Esse diálogo entre duas pessoas ingênuas tentando ser como "as outras pessoas" - fala repetida ao longo do filme, num tom de esperança - representa o cerne dramático sobre o qual Nicholas Ray se debruça: pessoas que não se encaixam no padrão de normalidade da sociedade. Há muito a ser visto no longa, muito não dito (depois de esperar semanas pelo marido e ainda com a suspeita de seu falecimento, quando este chega em casa o encanamento inundou o local, simbolizando a tristeza imensurável vivida pela esposa). "Fui ao médico. Teremos bebê." "Ótimo! Era o que eu precisava agora!" "Você não está me vendo tricotar, está?" Sim, há um subtexto pungente nesta obra-prima que precisa ser redescoberta. 5/5
They Live by Night / Nicholas Ray / 1949 / 95 min.

Noé

Quem viu "Melancolia", do Lars Von Trier, pode se identificar com este trabalho de Aronofsky como sendo a sua versão Disney. Calma! Isso está longe de ser demérito. Acontece que o diretor abraça a história bíblica sem medo, com direito a guardiões, seres de luz presos na Terra pelo Criador e que há séculos tentam voltar pra casa. Sim, parece "sessão da tarde", mas o diretor sabe o que faz. A fábula de Noé e sua arca ganha contornos humanos ácidos, pungentes como só nós, animais com o poder da criação e destruição, podemos testemunhar. E Aronofsky opta por criar sobre a destruição em prol da recriação. A ideia de que o humano distorce tanto a possibilidade de paz (quem enxergou o policial armado em uma das cenas?) que apenas o extermínio da raça seria a possibilidade de renovação. Sim, uma possibilidade. 4/5 Noah / Darren Aronofsky / 2014 / 138 min.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

PLAY/STOP - Julho de 2014

Abaixo, uma lista, não de melhores ou piores (já que muitos filmes eu revejo), mas apenas de recomendações do que eu vi durante o mês. Sem ordem de preferência - seus respectivos textos refletem a minha percepção. Filmes para dar play ou stop. Recomendações, em suma. No final das contas, assistir ou não cabe a você.







- O Lobo Atrás da Porta
- Fuga para Odessa
- Agora Seremos Felizes
- Fugindo do Inferno
- Os Anos JK - Uma Trajetória Política
- Os Suspeitos
- Antes da Chuva
- O Dirigível Hindenburg
- RoboCop (2014)
- Até o Fim
- Rock Brasília - Era de Ouro

- Eu e Você
- O Capital







- A Alegria
- Como Não Perder Essa Mulher
- Excisão
- Machete Kills
- Inferno no Faroeste
- Sapatos Vermelhos
- Jurassic Park III


Para saber minha opinião acerca dos filmes, basta copiar o título e buscar no blogue, ali no canto direito.

Quantidade de filmes vistos em Julho: 32
Filmes vistos - e registrados no blogue - em 2014, até agora: 32

Os filmes não estão em ordem de preferência. Na lista não estão todos os filmes que eu vi no decorrer do mês.

Histórias de Fantasmas

Apesar do quê o título nacional possa indicar, é apenas uma história de fantasma. E trata-se de uma ótima história! Nada de seita secreta ou a presença do demônio, muito menos psique nas entrelinhas. Um grupo de senhores, que se divertem ao custo de contos fantasmagóricos, faz algo errado e esse "algo" volta para assombrá-los. Simples, assustador, macabro e lindo como deve ser. Sem complicações para último filme de Fred Astaire. Sim, o mestre do sapateado encerrou sua carreira com seu primeiro filme de terror. O design de produção vai além da eficiência, atingindo cenas lindas e outras impactantes (a descoberta na cama, logo no início). 3/5 
Ghost Story / John Irvin / 1981 / 110 min.

As Diabólicas

É compreensível o porquê de Hitchcock ter olhado para o filme de Clouzot antes e depois de ter feito Psicose: ambos são similares em alguns pontos da narrativa. Mais: o francês é tão bom quanto o americano. Hitchcock tem uma destreza técnica incomparável, algo que Clouzot nem se arrisca a chegar perto. Contudo, o fato é que estou falando de um suspense de primeira linha. Diálogos afiados, roteiro certeiro, sem subterfúgios, instigante até, literalmente, o último momento. Se o mestre do suspense quis provar que fazia melhor, ele conseguiu. Mas o francês com certeza foi uma grande ameaça. Ah, o fato é que trata-se de um trabalho estupendo! Ponto. 5/5
Henri-Georges Clouzot / Les diaboliques / 1955 / 114 min. 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O Capital

Costa Gravas é mesmo o mestre observador do sistema capitalista sobre os indivíduos, aqui neste caso dos bancários. O roteiro narra uma trama intrínseca à acidez no modus operandi da imoralidade, a corrupção em carne crua. Em outras palavras, testemunhamos uma trama simultaneamente ao apontar de dedo que Gravas coloca em nossas caras. Entreter e conscientizar (não no sentido piegas, panfletário da palavra) culminam em uma metáfora poderosa. Afinal, como é dito em dado momento do longa, somos todos crianças. Crianças crescidas. 4/5
Le capital / Costa-Gravas / 2012 / 114 min.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Jurassic Park III

Se no primeiro filme tínhamos personagens em perigo no meio de um parque temático incomum, repleto de dinossauros, aqui neste terceiro temos outros como se estivessem brincando em um parque de diversões. O primeiro ato praticamente inexiste. O segundo ato já inicia com clímax, então respira para (sic) desenvolver os personagens (o garoto de oito anos como um coadjuvante perdido do programa "No Limite" é nada menos que uma lástima), então mais correria numa ladeira sem fim, culminando em uma brincadeira sem graça, sem propósito. O terceiro de uma trilogia que permanece com dois filmes. Um parque de diversões defeituoso, para dizer o mínimo. 1/5
Jurassic Park III / Joe Johnston / 2001 / 92 min.

Fuga para Odessa

Primeiro longa-metragem de James Gray, aqui já é possível observar o epicentro de todas as tramas que trataria posteriormente: o seio familiar. Tudo parti dali. É da mesa de jantar que saem as consequências na rua, na vida de cada personagem. Algo que se tornou muito próprio do diretor. Algo que ele faz com perfeição e, com isso, concebeu várias pérolas (Amantes, de 2008) e obras-primas (Os Donos da Noite, de 2007). Com este, mais uma ostra é descoberta. 5/5
Little Odessa / James Gray / 1994 / 98 min.

O Voo

Revi a volta de Zemeckis aos "live action" após uma década com a cabeça enfiada em animações insossas. A volta lhe fez bem, definitivamente. Nesta revisitada o filme cresceu, ganhou forma. Percebi claras e pungentes intenções (como a relação do protagonista com religiões) que haviam passadas superficialmente. Ainda está longe de ser algo que o diretor possa fazer de melhor, mas é uma obra-prima se comparado às suas incursões pelas animações. Capenga em alguns pontos, mas digno em sua grande maioria. Um bom filme. Agora, esperar pelo segundo "live action" dessa retomada na carreira de Zemeckis. 3/5
Flight / Robert Zemeckis / 2012 / 138 min.

Sapatos Vermelhos

Nos confins das terras virtuais, muito se fala sobre este terror sul-coreano. Extremamente violento, trama complexa, simbolismos, drama contundentes, entre tantos outros pontos expostos. Logo, fui verificar. Ver sobre o quê estavam falando, afinal! E apenas trata-se de um filme muito ruim. Talvez não muito, mas certamente ruim. Violento, mas nem tanto. Trama aparentemente complexa, mas somente mal escrita. Simbolismos tão eficientes quanto... qualquer coisa deficiente, assim como o suposto drama. 1/5
Bunhongsin / Yong-gyun Kim / 2005 / 103 min.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Agora Seremos Felizes


Estrelada por Judy Garland, então uma estrela em ascensão, esta obra-prima dirigida por seu futuro marido Vincent Minnelli pode soar ingênua pelo título, mas não é. Como todo bom filme lançado em larga escala nos anos 40, há muito a ser lido nas entrelinhas. E o que é melhor: muito também está na superfície. Uma família que simplesmente deseja continuar em sua cidade. Nada mais e muito mais que a trama pode oferecer. O diretor, na época, teve dificuldades para vender a trama ao estúdio - "Sobre o que é o filme?" "Uma família e uma cidade" "E o que acontece?" "Eles não querem deixa-la" "Certo, o que mais?" "Mais nada". E que fotografia... Primeiro filme colorido de Minnelli, ele fez uma quadro em movimento, literalmente. Cada cena é um colírio para os olhos. Enfim, um filme que definitivamente não deve ser julgado pela capa. 5/5
Meet Me in St. Louis / Vincent Minnelli / 1944 / 113 min.

Fugindo do Inferno

Steve McQueen, James Garner, Charles Bronson, James Coburn, entre outros atores de grandeza na mesma tela. Na mesma trama, o que é melhor ainda! E que trama deliciosa. Oficiais prisioneiros da Segunda Guerra especialistas em fugas. Claro, eles planejam mais uma e dessa vez querem levar a prisão toda. Um filme charmoso, irônico, com uma direção de arte impecável (os túneis são verdadeiramente claustrofóbicos) e um final que não poderia estar em outro local se não entre os clássicos dos clássicos do Cinema. Um filme para se ver enquanto filme e nada mais - o que já é muito. 5/5
The Great Scape / John Sturges / 1963 / 172 min.

terça-feira, 22 de julho de 2014

O Poderoso Chefão

Assistir ao filme em uma cópia digital restaurada no cinema, não em uma tela maior ou com projetor de quarto, mas numa sala de cinema é uma experiência inacreditável. Tudo é absolutamente perfeito no filme. Desde o olhar ingênuo de Kay, no início, até a sua expressão assustada e consciente que fecha o filme. É literalmente a primeira parte de um filme divido em trilogia. Vê-lo no cinema foi... 5/5
The Godfather / Francis Ford Coppola / 1972 / 174 min.

domingo, 20 de julho de 2014

Os Anos JK - Uma Trajetória Política

Um documentário extremamente importante dentro de seu contexto social e político, lá em 1980, e que continua absolutamente importante para alimentar a memória daqueles que não sabem da História recente do nosso país. Para muitos, o melhor presidente que o Brasil já teve. Para todos, definitivamente uma das figuras mais importantes do século passado. Enfim, o filme mostra com um aprofundamento invejável (as imagens de arquivo são nada menos que espetaculares) toda a trajetória política, conforme o subtítulo já indica, de Juscelino Kubitschek. A narração em off cansa um pouco pela forma burocrática e didática, mas nada que estrague esta obra-prima. 5/5
Os Anos JK - Uma Trajetória Política / Silvio Tendler / 1980 / 110 min.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

O Lobo Atrás da Porta

Nada melhor do que ir ao cinema sem saber o que o filme lhe reserva. Conforme o maravilhoso roteiro do também diretor Fernando Coimbra se desdobrava na tela, as surpresas apenas melhoravam. Narrativa concisa, ciente de que o espectador pode preencher as lacunas, gradativamente surpreendente; personagens maravilhosos, elenco soberbo; a naturalidade com que os diálogos nascem coloca em dúvida o quanto estava no roteiro e o quanto foi improvisado – o que de fato pouco importa, no final das contas, pois o resultado é nada menos que lindo. E que direção ótima! Sem enfeitar ou querer ser exibicionista, Coimbra sabe que sua câmera deve auxiliar a trama. Com isso, temos sequências longas em que a ação transcorre por meio de palavras e cortes precisos, cirúrgicos. Impecável! E o que dizer de um determinado – e marcante – evento no terceiro ato? Sem fazer concessões ou querer amenizar as atitudes de seus personagens, Coimbra demonstra algo maravilhoso: a vontade de narrar uma excelente história.  Um filme para ser visto com atenção, pois quem são os lobos atrás das portas senão nós, adultos, animais conscientes e inconsequentes? 5/5
O Lobo Atrás da Porta / Fernando Coimbra / 2013 / 100 min.

Eu e Você

Confesso que não esperava absolutamente nada deste novo filme de Bertolucci. Ótimo: fui completamente surpreendido. O veterano diretor italiano sabe conduzir uma narrativa como poucos. Ambiente restrito, confiança plena nos atores; não espaço para firulas – e Bertolucci nem é disso. Aliás, que belíssimo uso da trilha sonora. A versão italiana e a original de um clássico do David Bowie, sendo que uma delas pontua um final espetacular. Belíssimo filme. Aliás, por que eu não esperava nada do filme, sendo que o diretor raramente erra? 5/5
Io e te / Bernardo Bertolucci / 2012 / 103 min.

Filhos de João, O Admirável Mundo Novo Baiano


Confesso que esperava mais. 71 minutos para contar a história do revolucionário grupo Novos Baianos? Tudo bem, tempo não é sinônimo de qualidade. Mas a sensação, ao final, é de que algo ficou faltando. Talvez sejam as entrevistas de Baby Consuelo, que ela proibiu depois de feitas. Talvez seja o foco no grupo enquanto jovens que acreditavam, nos idos anos 70, que estavam fundando uma nova sociedade. Tudo muito legal – a história da Bíblia usada para fumar maconha e tal. E a musicalidade? O som, que tanto importa? Cadê? 2/5
Filhos de João, O Admirável Mundo Novo Baiano / Henrique Dantas / 2009 / 71 min.

Trash – Náusea Total

O diretor Peter Jackson marcou seu nome nos anais do Cinema ao adaptar Tolkien. Isso é fato! Mas dois de seus melhores filmes, feitos mais de uma década antes, são maravilhosas peças de terror trash gore que muitos desconhecem: Fome Animal (1992) e este Trash – Náusea Total (1987), seu primeiro longa-metragem. E aqui já é possível enxergar a destreza de Jackson com a linguagem cinematográfica: as sequências chegam a ser vertiginosas, mas tudo na base do corte, já que a produção não contava com aparato técnico dos mais avançados. 3/5
Bad Taste / Peter Jackson / 1987 / 91 min.

Inferno no Faroeste


O líder de um grupo de ladrões é traído por um dos seus comparsas. Morto, ele vai parar no inferno. Lá, tromba com o capeta em pessoa, que lhe dá uma segunda chance: mate o seu grupo inteiro e sua alma está salva. Um trash no Velho Oeste. Ao menos deveria ser, mas não é. Tinha os ingredientes para dar certo, ser uma boa diversão, mas está longe disso. 1/5
Dead in Tombstone / Roel Reiné / 2013 / 100 min.

Os Suspeitos


Me lembro de Amnésia (1999): “A polícia trabalha com fatos, pois a mente pode te enganar”. A frase proferida pelo protagonista há 15 anos, serve perfeitamente aqui. A mente é um labirinto do qual nós sempre buscamos a saída, mas nunca encontramos. Somos ratos de laboratório em nossa própria cabeça; prisioneiros (como bem indica o título original) das nossas convicções. E até vamos por elas? Até onde elas nos levam? Enfim, um suspense excepcional que utiliza o gênero enquanto base para construir uma narrativa sobre seres humanos. E isso, num suspense, é a coisa mais aterradora que pode haver. 5/5
Prisoners / Denis Villeneuve / 2013 / 153 min.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Acorrentados

A visão crua que Lynch (filha do David) tem dos seres humanos é agonizante. No seu longa anterior, Sob Controle (2008), ela trazia personagem completamente imorais em uma trama idem e surpreendente. Aqui, os personagens continuam refletindo o que há de pior em nós, mas a trama não causa o impacto que se pretende. Um bom suspense, mas Jennifer Chambers Lynch pode mais. 3/5
Chained / Jennifer Chambers Lynch / 2012 / 94 min.

Jogos Vorazes: Em Chamas


Por que tanto alvoroço em volta de Jogos Vorazes? Sim, é um bom filme – este segundo, infinitamente superior ao primeiro. Mas é para tanto? Não, não vou relacionar a Crepúsculo, ainda que, sob o viés econômico, as intenções são as mesmas: lucro (e de qual filme não é?). A questão é que temos uma boa protagonista, trama legal, alegoria batida e sofrível em alguns momentos. Isso em um filme para adolescentes. Sim, eu entendo esse ponto. Mas, ainda assim, não é para tanto. Não me empolga. É novelão no cinema! 3/5
The Hunger Games: Catching Fire / Francis Lawrence / 2013 / 146 min.

No Limite do Amanhã


Disparado, o melhor filme de Doug Liman. Melhor até que A Identidade Bourne (essencial para iniciar a fabulosa trilogia, mas um filme apenas bom). Viagem no tempo não é bem o conceito aqui, mas reiniciar o dia. Exatamente isso. Um soldado revive o mesmo dia toda vez que é morto. E assim, Liman constrói uma obra questionando a relevância da guerra nos dias atuais. O embate entre nações enquanto jogos cujos protagonistas experimentam o vazio pelas mãos do alto poder. Há ali, bem no terceiro ato, um erro no roteiro. Sim! Mas nada que apague as qualidades do filme: entretenimento consciente. Entretenimento, mas consciente. 4/5
Edge of Tomorrow / Doug Liman / 2014 / 113 min.

Machete Kills


O primeiro Machete já cometia um erro grave: na intenção de parodiar/simular/refazer um subgênero (o exploitation) que não tinha barreiras para a criatividade, cujas produções iam além do curto orçamento que possuíam e jamais se levavam a sério, Rodriguez fazia tudo ao contrário. Nesta continuação, ele obviamente não aprendeu a lição. E o pior é que ele se acha o Tarantino apenas por ser amigo do diretor, carregando um peso verborrágico absolutamente interessante do ponto de vista da deficiência auditiva. Uma pena, pois tinha potencial para diversão desenfreada. Ficou só no potencial. 1/5
Machete Kills / Robert Rodriguez / 2013 / 107 min.

Antes da Chuva


Não bastasse a trama já ser suficientemente interessante, o terceiro ato reserve uma simples, porém absolutamente genial jogada narrativa que me fez ficar boquiaberto diante a beleza completa que se, então, se apresentou diante os meus olhos. Um dos melhores filmes sobre a violência e seu ciclo ininterrupto dentro da História da humanidade; a violência como natureza. E uma produção sem firulas, apenas com o que de fato importa: contar uma boa história. Arrebatador, para dizer o mínimo – mas o mínimo, mesmo. 5/5
Before the Rain / Milcho Manchevski / 1994 / 113 min.

A Alegria


É uma tristeza assistir A Alegria (trocadilho óbvio, mas imperdível). Como o filme ganhou tantos prêmios? Foi tão aclamado, lá em 2010? O que viram de interessante nesta peça desorganizada sobre o vácuo existencial da nova geração de jovens? Não. Não! O filme não é propositalmente inócuo para refletir o estado de espírito dos personagens assim como o tema. Um filme não precisa ser violento para falar sobre a violência, por exemplo. Pretensioso, aborrecido, arrastado e muito, mas muito teatral e vazio. Simplesmente sem significado algum. Sendo assim, a pergunta prevalece: por que tanto furor ao redor do filme? 1/5
A Alegria / Felipe Bragança e Marina Meliande / 2010 / 106 min.

O Dirigível Hindenburg


É interessante como certos filmes valem só pelas suas produções. Claro, neste caso, temos uma boa trama sob uma produção excelente. Imagens documentais se misturam com ficcionais para contar a história de um chefe de segurança que observa os possíveis perigos no famigerado Hindenburg. E mesmo sabendo o final, tememos pelos acontecimentos. Mais do que isso: o diretor e o roteirista não elaboram subterfúgios. Acaba como a História escreveu. E isso é fantástico. Pouco visto nos dias atuais. Mas acho que naqueles tempos não havia esse ponto de vista em abundância, certo? Enfim... 4/5
The Hindenburg / Robert Wise / 1975 / 125 min.

Um Anjo em Minha Mesa


Cinebiografia da escritora Janet Frame, este filme me deu vontade de ler algo da autora, pois um longa de 158 minutos não pode ser a única obra que essa artista rendeu. Ao menos não apenas esse filme prolixo e com uma superficialidade e drama insosso que aborrecem até os mais acostumados com longas narrativas. O problema é a diretora, Jane Campion, que dirige de forma burocrática um roteiro idem. Ou talvez seja culpa da roteirista Laura Jones em achar que está apresentando algo interessante, quando não está. É simplesmente desinteressante. Deve ter algo melhor sobre essa autora. Que não seja somente este filme, por favor! Será que Frame merece isso? 2/5
An Angel at My Table / Jane Campion / 1990 / 158 min.

A Morte do Demônio (2013)


A cada vez que reembarco nesta refilmagem, minha admiração pela produção só cresce. Um terror gore como pouco se vê nos últimos anos – nem em produções mais baratas. Tecnicamente aprimorado diante seu antecessor, de 1981, este feito com ajuda de amigos e familiares do diretor Sam Raimi, Alvarez faz como um bom terror como se deve: efeitos digitais auxiliando os práticos e ópticos, não o contrário. Assim, temos uma nova trama (desnecessariamente dramática, mas tão pouco dramática que muito é irrelevante) costurada com sequências brutais de violência. Nada de slow motion ou de firulas: se é pra cortar, o corte é feito. E nada daqueles “demônios” odontológicos, que insistem em abrirem a boca ao máximo. Não!  Aqui, o bicho quer a alma dos adolescentes e, vá por mim, ele não é nada educado. 5/5
Evil Dead / Fede Alvarez / 2013 / 91 min.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

RoboCop (2014)

O cult de Verhoeven é algo concreto. Suas qualidades são inquestionáveis. Dito isso, a refilmagem pode deitar e rolar no farto material apresentado pelo original, que o longa de 1987 continuará lá. E é isso o que é feito! Aliás, é isso o que o diretor Padilha faz. E ele concebeu um blockbuster com a sua própria visão – e quem achava a violência do filme anterior algo impensável para a época, o mesmo vale para a autoria nos dias de hoje. Este novo RoboCop é, do início ao fim, do homem que nos entregou Ônibus 174 e os dois Tropa de Elite. É documental e divertido, ambas as perspectivas costuradas pelo escopo da análise: a utilização de armamento robotizado como força na política exterior de países como os EUA. Tudo isso conceitualmente no protagonista (muito melhor com a máscara do que sem, diga-se de passagem). Sim, é menos violento. Mas a violência está lá! O Robocop está lá! O final, ótimo, apesar de diferente, é coerente com a temática e está lá. Em suma, RoboCop é uma ótima refilmagem pra fazer chorar os puritanos que defendem, ilogicamente, que refilmagens não devem ser feitas. Um pensamento tão útil quanto o pênis amputado do Alex Murphy. 3/5
RoboCop / José Padilha / 2014 / 117 min.

A Última Exibição


Há um quê de cinema underground francês dos anos 60, neste filme de 2011, que por si só já é muito agradável. Cria harmonia com a trama torpe de um projecionista na iminência do desemprego que é assassino em série (sempre levando a orelha esquerda de suas vítimas) e tem fixação pela figura forte da mãe, principalmente por suas orelhas (o que pode explicar o souvenir a cada assassinato). Não faz muito sentido, mas não importa. O protagonista é desajeitado, tem algum problema com a mãe e desconta na vida de mulheres. A coisa complica quando ele se apaixona e tal; mas a fotografia... O filme anda (um pouco mais devagar do que deveria), pouco se compreende e muito se admira. Está de bom tamanho! 3/5
Dernière séance / Laurent Achard / 2011 / 81 min.

Excisão

Uma garota socialmente e psiquicamente deslocada que almeja ser cirurgiã. Sangue é seu grande desejo. Não matar, mas simplesmente o líquido - como transar enquanto menstruada. Ela não se encaixa, seus pais não a compreendem. O filme procura colocar as ações da personagem sobre as costas da moralidade inibriante, uma sociedade incompreensível, a família desajustada, entre outras coisas. Com isso, se leva a sério demais e soa pretensioso. Poderia ser apenas um bom horror, mas é uma mistura indigesta. O clímax tão "absurdo" pode causar risos, e o que deveria ser algo interessante sob o escopo da despretensiosidade, torna-se meramente desnecessário. 1/5
Excision / Richard Bates Jr. / 2012 / 81 min.

Como Não Perder Essa Mulher

JTalentoso ator, Joseph Gordon-Levitt estreia como roteirista e diretor em seu próprio filme para falar sobre... Sobre o quê, mesmo? O vazio existencial do macho alfa. Sim. A relação entre sexo e Igreja. Sim. O consumo excessivo de pornografia em detrimento do sexo real. Sim. O pornô enquanto maquiagem fantasiosa para estar na cama. Sim. A mulher que seduz, provoca, coloca a coleira no homem e não aceita pornô. Sim. A família de valores opressores que castram o livre arbítrio. Sim. O amadurecimento de um jovem. Sim. O rapaz ostensivo provando sentimentos verdadeiros. Sim. Tudo isso está no filme. Ritmo dinâmico, ora engraçado, ora sentimentalóide, ora apático, mas estranhamente, e por isso mesmo, funcional. Vai do início ao fim (abrupto, diga-se de passagem) sem cansar. Mas isso significa que o filme é bom? Não. 2/5
Don Jon / Joseph Gordon-Levitt / 2013 / 90 min.

domingo, 13 de julho de 2014

Tudo Por um Furo

Comédia sem sucesso expressivo, tornando-se um cult instantâneo, O Âncora - A Lenda de Ron Burgundy reunia um bom elenco, com algumas surpresas, para satirizar o universo do telejornalismo. Nesta continuação, a receita é repetida: o mesmo elenco, surpresas ainda maiores (me refiro a participações especiais), ainda satirizando o mesmo universo e, por fim, repercutindo da mesma forma. É engraçado, tem seus momentos, a produção é maior, a crítica é coerente, mas Will Ferrell parece não surtir mais efeito. Aquela coisa do panaca deslocado que se acha alocado... Ele precisa se reinventar, assim como Steve Carell. Alguns risos, sim, mas será que eles valem quase duas horas? Um bom filme para ver com os amigos, talvez. 2/5
The Anchorman 2: The Legend Continues / Adam McKay / 2013 / 119 min.

Até o Fim

Impossível não comparar os dois filmes. E nessa, Gravidade (2013) empalidece diante Até o Fim. Enquanto Sandra Bullock se desespera num espaço tecnicamente masturbatório, Robert Redford tenta sobreviver no vasto Oceano. A violência das águas nos é familiar, logo a assimilação do perigo pelo qual passa o personagem enquanto algo real é fácil e com uma angústia crescente e sufocante. Sem falar nada, Redford diz muito com suas expressões, seu corpo envelhecido e aparentemente frágil em meio às diversas situações. Direção ótima, roteiro idem. Numa leitura simbólica (e simbolismos não faltam aqui), nosso mundo pode ser fortemente sacudido no fluir dos eventos. Mas é apenas uma leitura. O longa é de uma beleza ímpar. Com um final não tão ambíguo, já que a trama toda tem os pés no chão, o resultado seria impecável. Mas isso não é um defeito perto da grandiosidade dramática. 5/5
All is Lost / J. C. Chandor / 2013 / 106 min.

sábado, 12 de julho de 2014

Rock Brasília - Era de Ouro

Desde Botinada: A Origem do Punk no Brasil (2006), nenhum documentário abordou um cenário musical de forma ampla e ancorado por ótima pesquisa como este Rock Brasília - Era de Ouro. Dos jovens da Colina, que hoje se reconhecem pretensiosos em suas "revoluções", passando pelas frustrações do vocalista da Plebe Rude, até a desastrosa apresentação da Legião Urbana, culminando em fãs rasgando camisetas da banda e verbo em desprezo. O diretor Vladimir Carvalho remonta com excelência, por meio de quem a construiu, uma época rica da história musical brasileira. Registro necessário, pra dizer o mínimo. E ainda consegue ser emocionante, com um belo final. Tudo bem que, por vezes, pende demais ao Renato Russo (talvez não à toa, o rosto dele estampa a capa), mas fica claro que sua trajetória é a mais importante daqueles tempos, no meio daquela galera. Mas aí valeria mudar o título, não? 5/5
Rock Brasília - Era de Ouro / Vladimir Carvalho / 2011 / 111 min.