terça-feira, 5 de agosto de 2014

Amarga Esperança

Duas almas perdidas no tempo. Dois seres desnorteados em suas juventudes, transitando por este espaço denominado vida. Assim são o bandido Bowie e sua esposa e cúmplice. "Eu não sei nada sobre beijar", diz ela enquanto fogem. "Muito menos eu", responde ele. "Então vamos descobrir juntos". Esse diálogo entre duas pessoas ingênuas tentando ser como "as outras pessoas" - fala repetida ao longo do filme, num tom de esperança - representa o cerne dramático sobre o qual Nicholas Ray se debruça: pessoas que não se encaixam no padrão de normalidade da sociedade. Há muito a ser visto no longa, muito não dito (depois de esperar semanas pelo marido e ainda com a suspeita de seu falecimento, quando este chega em casa o encanamento inundou o local, simbolizando a tristeza imensurável vivida pela esposa). "Fui ao médico. Teremos bebê." "Ótimo! Era o que eu precisava agora!" "Você não está me vendo tricotar, está?" Sim, há um subtexto pungente nesta obra-prima que precisa ser redescoberta. 5/5
They Live by Night / Nicholas Ray / 1949 / 95 min.

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